Com a democratização dos telemóveis, as cabines telefónicas vão-se tornando
uma espécie de equipamento urbano de decoração. John Locke viu nesta realidade
uma nova oportunidade: e que tal fazer das cabines em desuso micro-bibliotecas
comunitárias?
A ideia foi materializada em Nova Iorque, onde qualquer pessoa pode agora
pegar num livro de uma cabine e trocá-lo por outro que queira partilhar com os
demais utilizadores.
O primeiro ensaio nem correu muito bem: seis horas depois de os livros
estarem na estante, não só não havia nenhuma troca como a estrutura tinha sido
vandalizada. Uma mudança de localização e uma marca feita em todos os livros
depois o sucesso começou a surgir.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se
Mesmo lidando com algum cepticismo das pessoas (“Observei pessoas a passar,
pegar num livro, folheá-lo e voltar a devolver. Algumas regressavam logo a
seguir para olharem uma segunda vez e inspecionarem melhor a prateleira, mas não
levavam efectivamente o livro”, explica John Locke), pouco habituadas
a iniciativas deste género, a ideia pegou.
Em Nova Iorque há 13 mil cabines telefónicas (e 17 milhões de telemóveis) e
mesmo os postos que aderiram à iniciativa não perderam a sua funcionalidade
principal: foi desenhado um modelo de estante em contraplacado que não interfere
com o telefone.
O projecto das cabines-bibliotecas é uma iniciativa do Departamento de
Melhoria Urbana, do qual John Locke é fundador, um movimento de intervenção em
que todos os nova-iorquinos podem participar com ideias que aproveitem os
recursos da cidade.
O objectivo, lê-se no comunicado, é pôr ideias no terreno: “Apenas interessam os
projectos tangíveis. Os intangíveis já têm lugar de destaque nos blogs de design
meramente especulativos."
In: http://p3.publico.pt/cultura/livros/3028/cabines-telefonicas-que-sao-micro-bibliotecas
1 comentário:
Muito fixe.
Bj
Enviar um comentário